Eu não ligava grande coisa a água de coco, mas recentemente isso mudou. Quando estive alojada na zona de Ao Nang (Tailândia) experimentei uns cocos deliciosos, graças ao nosso anfitrião e à sua generosidade! Hoje venho falar-vos dessa experiência, pois são estadias destas que dão um toque especial às viagens, e às vezes a pessoa que nos recebe faz toda a diferença.
Para a curta estadia nessa zona escolhi um empreendimento relativamente novo e longe da confusão do centro. Ainda poucas pessoas por lá tinham passado, quase não havia reviews. Quando desembarcámos em Ao Nang andámos de um lado para o outro, um olho no google maps e outro nos condutores de tuk-tuks, à procura da melhor maneira de irmos parar ao alojamento. Lá arranjámos um bom negócio e seguimos rumo à aventura do dia.
À chegada constatámos estar “no meio do nada”, ao percorrer o último troço de estrada só viamos natureza (exuberante!) e uma outra casa. Ainda o motorista estava a estacionar e já o nosso anfitrião esperava por nós ali ao lado, com um sorriso simpático, curioso por nos conhecer. Levou-nos para a recepção, onde tratámos do check-in, sempre de forma informal e com bastante descontração. Foi um check-in mas poderia ter sido uma conversa entre amigos, e no fim ofereceu-nos cocos e repelente de insectos para irmos aproveitar a esplanada. São estes toques que fazem a diferença!
O dono tem 20 e poucos anos e uma história interessante para contar. Após terminar a sua licenciatura deu por si em Bangkok, com um bom emprego e aparentemente bem sucedido… mas infeliz. Resolveu então voltar para Ao Nang (onde cresceu) e criar ali um empreendimento turístico. Construiu 5 cabanas num terreno junto à sua casa, um restaurante e uma loja (vende produtos derivados de coco) e de resto está rodeado pela natureza. Para os hóspedes que querem ir à praia ou às zonas mais movimentadas ele disponibiliza bicicletas gratuitamente. É meio tailandês meio italiano e, deixem-me que vos diga, tem muito jeito e visão para o seu negócio! Uma pessoa inspiradora.
Nota-se o planeamento e carinho em cada pormenor, o jeito para saber o que o hóspede vai sentir falta ou apreciar. A graça deste local é que nos faz sentir em casa mesmo que estejamos longe de tudo o que nos é familiar. No restaurante a comida é verdadeiramente tailandesa, e se pedirem picante cuidado – o “mínimo” não é sequer comparável ao que encontramos nas zonas turísticas ou em Bangkok, tal como ele nos avisou (fomos teimosos e ainda bem que havia água de coco para apagar o fogo na língua!). No alpendre da nossa cabana usufruí de uma madrugada tranquila na companhia um livro, sob um céu estrelado e com o som da selva como pano de fundo. Tão bom, tão único!
A uns dez minutos a pé (ou de bicicleta) encontramos civilização – esse caminho mete respeito de noite pois não há postes de iluminação na rua. Senti-me mais do que nunca imergida na Tailândia! Lembrou Bangkok porque a mesma cultura está lá, mas desta vez um meio quase rural. Apesar de estarmos na zona de Ao Nang o ambiente ali nada se compara com as ruas que encontramos na zona turística (junto à praia) – o chão é de terra batida e não há edifícios ocidentais. Pareceu-me também que a maior parte da população era muçulmana, e ouvia-se rezas (julgando pela entoação) de altifalantes colocados mesmo onde não estava ninguém. Aqui estive verdadeiramente “noutro mundo”, sem escapatória possível.
Durante o passeio um bebé chocou contra as minhas pernas, e ficou a rir-se para mim. Tinha um pikachu de peluche nas mãos. O pai apareceu imediatamente, a desfazer-se em desculpas e vénias por o filho me ter “incomodado”. Tratou-me como realeza! Nunca me vou esquecer do sorriso de alívio e da simpatia dele quando o assegurei – com gestos – que não estava nada incomodada e brinquei com o filho dele. Os tailandeses e a sua extrema educação e simplicidade foram o que mais gostei nesta viagem! Dá saudades, só de escrever sobre isto. Tantas lições de vida numas meras semanas…
Quero voltar, e recomendo-vos esta paragem.
Talvez os mais atentos tenham reparado que não referi o nome do alojamento, ou talvez não. Mas vou colocá-lo no nosso roteiro final, um artigo que sairá no futuro.
Snakkes!
11/04/2018 – Actualização: Se quiseres ver o roteiro/informações adicionais sobre esta viagem, agora que já regressei, clica aqui.
As paisagens podem ser maravilhosas, mas sem dúvida que são as pessoas que determinam as memórias que ficam destas aventuras 😊
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Estou a começar a ficar invesoja
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Isso é que não! 😀 O Lugar à Janela não quer invejas, só inspirações hehe
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É isso mesmo! Na mouche!
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