[Este artigo vem no seguimento d’A nossa licença.]
Na primeira manhã da licença deles estava eu a maquilhar-me em frente ao espelho e ao meu lado as rotinas de bebé a acontecerem, sem ter de me preocupar. Enquanto reparava nisso fiz a nota mental para o escrever aqui.
Havia energias positivas no ar: eles estavam contentes com o seu espaço para fazer coisas de rapazes (sem a ordem imposta pela mãe…) e eu porque ia saír, respirar, quebrar aquela rotina de meses em que foram raras as vezes que saí de casa sem levar o mini-meu atrás.
Voltar ao trabalho foi tranquilo. Os colegas encheram-me o dia de alegrias e foi bom sentir-me bem-vinda após tanto tempo ausente, saber que ainda lá tenho o meu lugar. O regresso àquele ambiente internacional e algo caótico foi uma lufada de ar fresco de que necessitava. O mais difícil foi (e continua a ser) conciliar isso com a amamentação; sinto que o meu corpo está confuso com a alteração na rotina e tenho muito medo de deixar de conseguir amamentar por causa disto.
Tinham-me dito que deixar o miúdo sozinho com o pai não deveria ser súbito, e se ele fosse mais pequeno e mais dependente da mama (por exemplo) talvez eu concordasse. Mas aqui em casa somos uma boa equipa e nunca tive preocupações em relação a isso. Custou despedir-me, naquele primeiro dia, porque com esta idade ele já percebe… E custa-me já não ser “tão importante” para ele, como em tempos fui. Mas sentimentos à parte, deu-se tudo naturalmente.
Acho honestamente que é uma maravilha que pai e filho tenham esta dádiva: tempo juntos, a sós. Meses! Os homens fazem sempre as coisas de forma diferente – e inevitavelmente mais asneiras (ah!) – mas o processo de aprendizagem é importante e necessário, eu também o tive. Assim será também mais fácil dividir tarefas e gerir responsabilidades, que ambos estejamos devidamente aptos a tomar decisões na educação do Cotãozinho e não sobre tudo para a mãe…
A partir de agora é o F que está na primeira linha a ver cada passo novo do nosso bebé. No outro dia cheguei a casa e ele já batia palmas como gente grande, jogava à bola, sabia novas coreografias, … Ouch. É bom saber que ele está bem, mas às vezes gostaria que sentisse um bocadinho a minha falta, vá. Tenho uma inveja pequenina, mas “da boa”, como se costuma dizer. Há que ser honesta, e sinceramente se não sentisse isto ficaria preocupada comigo mesma – parece-me natural!
E convosco, como foi? Que vos parece tudo isto?
Bom fim-de-semana!
Que lindo! Parabéns pela clareza, pela segurança e por um texto tão consciente. ❤️
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É muito bom esta aprendizagem em família e curiosa esta forma de dividirem o tempo com o bebé. Em Portugal não sei se funcionaria tão bem, a vários níveis. Mas como a Noruega está muito avançada em termos sociais, pode ser que por cá um dia se chegue a este nível. Beijinhos
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