
Eu avisei que isto ia dar Norueguices. Comprar casa aqui é diferente do que comprar casa em Portugal; o processo é complexo, stressante e exigente. Porquê? Vou tentar resumir…
Quando optamos por comprar casa a primeira coisa a fazer é ir ao banco saber o que valemos, o que estão dispostos a emprestar-nos. Depois pegamos nesse número e olhamos para a oferta no mercado, com muita atenção e dedicação, porque na maior parte dos casos as casas vendem-se numa questão de dias… Nota: claro que me vou referir principalmente ao mercado de Oslo, porque é o que conheço, onde comprei. Sei que o de Stavanger é semelhante ou pior, e que por todo o país as regras são as mesmas (a concorrência é que pode não ser tanta como aqui).
Quando uma casa é colocada à venda o anúncio aparece online com o preço em que está avaliada, a data e hora(s) em que é possível visitar (open house), fotografias bonitinhas e outras informações relevantes. Caso tenhamos interesse naquilo que vimos no anúncio há que pedir ao agente imobiliário a documentação da casa e ler tudo com muuuuuuuita atenção, todas as letras pequeninas e avaliações técnicas lá apresentadas – isso é o mais perto que teremos de ver o estado real da casa.
A visita à casa não dura mais do que um par de horas; estarão presentes o agente imobiliário e todos os potenciais compradores. Serve para verificar o que conseguirmos/pudermos e fazer jogo psicológico com os outros… porque quem está interessado vai a leilão connosco, por norma no dia seguinte.
Esse leilão dá-se por telefone e vamos recebendo as actualizações por sms, muitas vezes em intervalos de 30 minutos, sob constante pressão do agente (que quer subir o preço, claro) e das ofertas dos outros interessados. Recapitulando: vemos um anúncio online, visitamos a casa durante umas horas e de repente aterramos num leilão rápido e intenso. Posso dizer que, até à data de hoje, isto foi das situações mais enervantes e esgotantes em que já participei (e eu tive um filho há pouco tempo haha!). É preciso ter nervos de aço e muita noção daquilo que podemos ou não apostar, e como/quando/se o devemos fazer. Isto porque não se pode voltar atrás nas ofertas (caso seja aceite pelo vendedor somos obrigados por lei a ficar com a casa por aquele valor)!… Ou seja, agir de cabeça quente pode saír (literalmente) muito caro – mas enquanto o leilão decorre a nossa vida cá fora continua no ritmo normal e há que equilibrar tudo. É uma loucura, a sério!
Mas o drama (ha!) não se fica por aí, ah não! Continuo isto num próximo artigo (aqui!), porque este já está a ficar muito longo. Espero que até aqui tenha sido interessante. Conhecem mais algum mercado imobiliário assim?
Até já!
PS: Agora começam a perceber porque dizia que andava numa fase louca das nossas vidas…
O Mercado imobiliário aqui também não é fácil, mas é mais porque as casas estão a preços absurdos e a maior parte das pessoas não está a conseguir comprar. Isso do leilão não dava para mim!
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Confesso que costumava devorar programas do UK sobre comprar casa, particularmente o “Location Location Location”. Foi assim que aprendi boas dicas para quando começasse a ver casas… Mas depois vi a diferença das regras e assustei-me! Os preços em Oslo também são uma loucura, mas se bem me lembro aí conseguem ser piores.
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Que mecanismo estranho!
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