Perguntam-me frequentemente como é lidar com o Inverno na Noruega. Sempre considerei o excesso de horas de luz no Verão pior, afectou-me imenso o sono nos primeiros anos. Isso foi mudando, o meu corpo adaptou-se. Mas a cabeça… Essa resolveu notar progressivamente a escuridão.
Não é tanto a escuridão mas sim a falta de luz (ha!) que me tem afectado. Explicando: lido bem com a noite, mas a escassez de luz durante os dias já tão curtos e durante semanas/meses a fio afecta a mente. Importa dizer que o dia nasce às 09 e acaba às 15h, sendo que na realidade temos 3/4 horas de luz num dia bom (RARO) e só as apanhamos se estivermos num sítio alto.
Talvez seja uma questão de adaptação tardia, se calhar isto passa. Talvez sejam as saudades da neve a apertar (vai-te chuva!). Ou quiçá isto até seja só um efeito secundário de um ano “diferente”… Vim ao blogue ver se já tinha escrito alguma coisa sobre o assunto e encontrei este artigo de 2017: O Lado Negro (pois é, já lá vão 3 anos de Lugar à Janela! yay!).
Como a sábia Mia do passado dizia, o mais importante é enfrentar a escuridão; não se pode vir viver para a Noruega e continuar a pensar que a noite é mesmo noite, ou que o frio impede alguma coisa. E é isso mesmo que eu tento fazer, já que os dias são escassos tento tirar o maior partido possível da noite. Sempre que posso vou dar um passeio pela escuridão, buscando pequenas surpresas que só ela – afinal de contas – pode trazer. Como a minha aventura naquele Beco sem saída!

Na escuridão as iluminações de Natal são ainda mais bonitas, vejo-as à distância, e reparei que há pinheiros enfeitados por todo o lado. Posso fazer-vos inveja dizendo que aqui tenho mais horas de iluminações de Natal, ao invés de dias mais curtos. Até as poças de água da chuva parecem cintilar, reflectindo as luzes… Os contornos das coisas ganham outra dimensão, o contraste das árvores e dos telhados contra o céu cinzento é poesia. Na escuridão as janelas dos vizinhos contam histórias.
Na escuridão, posso andar despenteada e sem maquilhagem, ou até de pijama – ninguém vai reparar. Na verdade, as luzes da rua até favorecem uma pessoa naturalmente pálida como eu. Pode dizer-se que brilho no escuro.
Na escuridão, o C. fica calado no carrinho e dá-me sossego por uma boa hora de passeio (o meu filho é um autêntico tagarela, acreditem).
Na escuridão posso caminhar lentamente com a cabeça na lua sem medo de embater contra outras pessoas, já que são poucos os que se aventuram nesses passeios. Ou encontrar rapidamente refúgio nas sombras, caso isso aconteça.
… E vocês, como estão?
Curiosidade: no Inverno temos de usar reflectores, por segurança.
Olhar pela positiva só tem virtudes: nada se perde…e tudo se transforma!👌😊
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Que cena! Isto deve ser mesmo complicado de se lidar. Apenas 6 horas de “dia”, deve ser mesmo horrível!
Ahaah!
Espero que esteja tudo bem por aí.
Abraço
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E da noite se fez dia, pela luminosa magia da escrita!
Excelente Natal!
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Sempre foi um ponto que me faz repensar duas vezes visitar um país nórdico no Inverno. Sou como as plantas, preciso de luz (ahah). Mas acredito que seja apenas uma questão de hábito!
Adorei ir a Oslo e à Islândia no Verão, mas olho para trás e vejo que o Inverno traz experiências igualmente únicas, por isso, quem sabe não me aventurarei já nos próximos anos 🙂
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A mesma dúvida me assombra quando temos de pensar em passear por cá no Inverno, seja pelo clima ou pela falta de luz, que também leva a paisagem muito cedo. Depende do destino e do que se quer tirar dele, suponho. Mas idealmente ir duas vezes, uma no Verão e outra no Inverno hehe
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Eheh nem mais! A do verão já está, oxalá 2021, permita a outra 😉
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